Na manhã de 23 de abril de 2025, Alfredo Cotait Neto, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, anunciou o lançamento oficial da plataforma Gastômetro, apelidada de "Ga$to Brasil", durante uma cerimônia no Pátio do Colégio, no coração da capital paulista. O evento marcou também a comemoração dos 20 anos do Impostômetro, outro painel eletrônico que já ajuda a população a entender a carga tributária.
Lançamento oficial: o que aconteceu no Pátio do Colégio
O Lançamento do Ga$to BrasilPátio do Colégio contou com a presença de lideranças empresariais, representantes do Tesouro Nacional e jornalistas de diversas redações. Guilherme Afif Domingos, ex‑presidente da Associação Comercial de São Paulo e atual secretário de Projetos Estratégicos do Governo de São Paulo, explicou que a nova ferramenta permite “cruzar dados como benefícios previdenciários, Bolsa Família e crédito extraordinário” em tempo real.
Como funciona a plataforma Ga$to Brasil
A solução digital foi desenvolvida em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e recebe informações diretamente do Tesouro Nacional. Os dados são exibidos em um painel de LED no centro da cidade e, simultaneamente, disponibilizados no site gastobrasil.com.br. Usuários podem filtrar despesas por esfera (federal, estadual, municipal), por categoria (folha de pagamento, previdência, investimentos) e até por município, graças a um mapa interativo que mostra o gasto per capita em encargos sociais e investimentos.
Um ponto forte da ferramenta é a atualização automática: sempre que o Portal da Transparência publica novos números, o Ga$to Brasil os captura e os exibe em poucos minutos. Isso garante que empresários, investidores e cidadãos tenham acesso a informações tão atuais quanto “um tweet do governo”.
Os números que o Gastômetro revelou: R$ 3 trilhões em 2025
De acordo com o painel, as despesas públicas somam R$ 3 trilhões no ano de 2025. O Governo Federal registrou gastos de R$ 1,25 bilhão, os Estados totalizaram R$ 826 bilhões e os Municípios R$ 851 bilhões. O saldo é alarmante: já foram gastos R$ 400 bilhões a mais do que arrecadou, o que coloca a conta pública em uma trajetória insustentável.
O próprio Alfredo Cotait Neto destacou que, se o país “gastasse apenas o que arrecada, não teríamos inflação e a taxa de juros seria de 2,33%”. Ele comparou a situação atual à de um carro que anda sem óleo – funciona por um tempo, mas o motor vai falhar.
Além disso, o painel mostrou que a União já consumiu R$ 1,7 trilhão em 2025, segundo os registros do Portal da Transparência. Esses números alimentam o debate sobre a necessidade de reformas estruturais e a restauração do teto de gastos, que, segundo os organizadores da iniciativa, foi abandonado nos últimos anos.

Reações dos líderes empresariais e críticas ao governo federal
Durante a cerimônia, Guilherme Afif Domingos ressaltou a modernização do sistema: “Hoje, o sistema é muito mais moderno, nos permite colocar os dados em um computador e transmitir para um painel de LED”. Ele elogiou a abertura do Tesouro Nacional em compartilhar dados “reais” com a iniciativa.
Por outro lado, Alfredo Cotait Neto criticou duramente a condução fiscal do Executivo, afirmando que “não é novidade que, atualmente, o Brasil gasta muito e mal”. Ele apontou que a falta de critérios claros de investimento está enfraquecendo a capacidade de investimento do Estado e, por consequência, o crescimento econômico.
Representantes de pequenas e médias empresas, que compõem a maior parte da associação, declararam que terão agora uma ferramenta prática para questionar projetos de obras e programas de incentivo que antes pareciam “encaixados em um caixa azul”. A transparência, segundo eles, pode ser o primeiro passo para exigir maior eficiência na aplicação dos tributos.
Impactos esperados e próximos passos
O objetivo central do Gastômetro é educar a população e estimular o debate público sobre o uso dos recursos. Se o cidadão souber quanto o município gasta por habitante em saúde, educação ou infraestrutura, ele pode cobrar respostas mais concretas dos gestores.
Os organizadores já sinalizaram que a plataforma será “replicável”: federações estaduais e associações municipais poderão instalar painéis locais, gerando uma rede de observação que cobre praticamente todo o território nacional. A expectativa é que, até o final de 2026, todas as capitais tenham seu próprio monitoramento em tempo real.
Além disso, especialistas em finanças públicas apontam que a disponibilidade de dados granular pode melhorar a qualidade das análises de risco de crédito do país, já que agências internacionais terão acesso a números mais transparentes e menos sujeitos a revisões posteriores.
Em suma, o gastômetro representa uma nova fase na luta por responsabilidade fiscal: um convite para que governo, empresas e sociedade civil conversem em torno de números claros, sem “coberturas” de linguagem política.
Perguntas Frequentes
Como o Gastômetro coleta os dados em tempo real?
A plataforma se conecta diretamente às APIs do Tesouro Nacional e ao Banco Central, recebendo atualizações automáticas sempre que o Portal da Transparência publica novos lançamentos. Esse fluxo contínuo permite que o painel exiba os valores quase que instantaneamente.
Quem pode acessar o Gastômetro?
Qualquer pessoa com acesso à internet pode consultar o site gastobrasil.com.br. Além disso, há painéis de LED instalados em pontos estratégicos, como o Pátio do Colégio, que exibem os principais indicadores para quem passa por ali.
Quais são as principais críticas de empresários ao gasto público atual?
Os líderes empresariais apontam um desequilíbrio entre arrecadação e despesas, destacando que o governo federal gastou R$ 400 bilhões a mais que arrecadou em 2025. Eles também denunciam a ausência de um teto de gastos efetivo e a falta de critérios claros para investimentos, o que, segundo eles, compromete a confiança dos investidores.
Qual o impacto do Gastômetro na tomada de decisão dos municípios?
Ao disponibilizar o gasto per capita e a distribuição por categoria, prefeitos e vereadores podem comparar suas políticas com as de cidades semelhantes. Essa comparação gera pressão para otimizar despesas, especialmente em áreas como saúde e educação, onde os cidadãos exigem resultados concretos.
Quando a ferramenta estará disponível em outras capitais?
Os organizadores planejam expandir o número de painéis até o final de 2026, cobrindo todas as capitais brasileiras. Enquanto isso, a versão online já pode ser acessada por qualquer pessoa, independentemente da localização.
Hilda Brito
outubro 9, 2025 AT 00:44O tal do Gastômetro parece mais um espetáculo de marketing do que uma ferramenta realmente útil. Enquanto os empresários recebem luz verde, o cidadão comum ainda não entende nada dos números que aparecem nos painéis.