Verstappen alerta: regulamento 2026 da F1 pode criar carros “terríveis”

Verstappen alerta: regulamento 2026 da F1 pode criar carros “terríveis”

Novas regras e os desafios técnicos

Os planos da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para a temporada 2026 trazem uma mudança radical: a potência dos carros será dividida igualmente entre o motor de combustão interna e o sistema elétrico. Essa balança 50/50 substitui o modelo híbrido vigente desde 2014, que ainda deixava a maior parte da energia nas mãos do motor a gasolina.

Para Max Verstappen, três vezes campeão mundial, os primeiros testes no simulador da Red Bull foram assustadores. Ele descreveu a sensação como "bastante terrível" após analisar os traços de desempenho das novas unidades. O principal alerta gira em torno da bateria: simulações indicam que, em circuitos de alta velocidade como Monza, os pilotos podem ficar sem carga elétrica a meio da volta, forçando manobras que fogem do instinto de corrida tradicional.

Um exemplo concreto: a necessidade de reduzir a marcha enquanto ainda se está em plena velocidade, a cerca de 400 a 500 metros do final da reta. Essa desaceleração serviria apenas para gerar energia e recarregar a bateria – um procedimento que, segundo Verstappen, "não é o caminho a seguir". O risco de ficar sem energia no meio da corrida poderia transformar o espetáculo em um teste de gerenciamento de bateria ao invés de pura velocidade.

Além do ponto da energia, a nova normativa exige baterias de capacidade muito maior e sistemas de refrigeração mais robustos. O resultado? Um peso adicional significativo, que contraria a tendência de redução de massa que a Fórmula 1 vinha perseguindo nos últimos anos. Verstappen advertiu que "o peso está subindo novamente", o que pode comprometer tanto a aceleração quanto a frenagem das máquinas.

Para compensar o aumento de arrasto gerado pelos componentes elétricos e pelos sistemas de refrigeração, a FIA introduziu a obrigatoriedade de aerofólios ativos. Esses dispositivos ajustam a asa traseira em tempo real para equilibrar downforce e resistência ao ar. Contudo, a sua operação automática pode reduzir as oportunidades de ultrapassagem, já que o fluxo de ar sobre o carro seria constantemente otimizado, dificultando a criação de turbulência para atrapalhar o adversário.

Reação da Red Bull e possíveis ajustes

Reação da Red Bull e possíveis ajustes

Christian Horner, chefe da Red Bull, compartilhou a preocupação do piloto e lançou um alerta sobre a criação de um “monstro técnico”. Ele descreveu a bateria colossal como "colossal" e destacou que seu peso e necessidade de resfriamento podem transformar as novas unidades em verdadeiros Frankenstein sobre rodas. Horner também questionou a eficácia dos sistemas aerodinâmicos ativos, temendo que eles prejudiquem a competitividade das corridas.

O diretor acrescentou que, para manter o espetáculo, o controle dos aerofólios deveria permanecer nas mãos do piloto e não ser totalmente automatizado. Segundo ele, a intervenção humana mantém a imprevisibilidade que os fãs esperam, sobretudo nas pistas mais rápidas, onde os limites de potência do MGU‑K (sistema de recuperação de energia) serão mais restritos. Em velocidades acima de 300 km/h, o auxílio elétrico será drasticamente reduzido, limitando a velocidade máxima nos circuitos como Spa‑Francorchamps e Monza.

Ambos, Verstappen e Horner, manifestam que mudanças na proporção de energia elétrica ainda são possíveis, mas o prazo está apertado. A temporada de 2026 está a poucos anos de distância e, a medida que as equipes avançam no desenvolvimento dos novos power units, menos espaço resta para ajustes estruturais. A pressão para alinhar a segurança, a eficiência energética e a emoção das corridas está se intensificando.

Se as equipes não encontrarem um equilíbrio, o futuro próximo da Fórmula 1 pode apresentar corridas onde a estratégia de recarga substitui a ousadia nas ultrapassagens, algo que contraria a identidade do esporte. Por enquanto, a Red Bull continua testando em seu simulador, coletando dados e preparando argumentos para pressionar a FIA a reavaliar a divisão 50/50 de potência. O regulamento 2026 F1 ainda está em fase de refinamento, e a voz de Verstappen pode ser decisiva para moldar um cenário onde a velocidade e a estratégia coexistam de maneira mais harmoniosa.

9 Comentários

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    fabricio caceres

    setembro 23, 2025 AT 08:43
    Se o carro não te deixa acelerar direito, tá mais pra carro de videogame que de F1
    Isso aqui é corrida ou gerenciamento de bateria?
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    João Marcos Rosa

    setembro 24, 2025 AT 12:58
    É importante entender que a transição para a eletrificação na F1 não é apenas uma questão técnica, mas também uma responsabilidade ambiental; no entanto, o equilíbrio entre inovação e espetáculo é delicado, e sim, a ideia de perder a essência da corrida por causa de restrições energéticas é realmente preocupante.
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    nathalia pereira

    setembro 25, 2025 AT 01:29
    A Fórmula 1 sempre foi um lugar onde a tecnologia se une à coragem. Mas se a coragem for substituída por cálculos de energia, talvez estejamos perdendo algo maior do que apenas velocidade.
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    Joaci Queiroz

    setembro 26, 2025 AT 11:44
    Verstappen tá com medo de perder o controle? O problema não é o carro, é que ele nunca teve que pensar em nada além de acelerar. A F1 evolui, e ele ainda tá no modo 'meu motor é o rei'.
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    maicon amaral

    setembro 28, 2025 AT 00:20
    A transição energética na F1 representa um paradigma epistemológico: o ser humano deixou de ser o único agente de decisão no veículo, e agora a máquina negocia entre eficiência e performance. Isso não é apenas um regulamento, é uma redefinição da relação entre piloto e máquina - e isso, meu caro, é profundamente filosófico.
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    Davi Informatica

    setembro 29, 2025 AT 05:40
    E se a FIA realmente quer mais espetáculo, por que não deixar o piloto decidir quando usar a energia?
    Se o aerofólio ativo é automático, o que sobra da habilidade do piloto?
    Isso não é F1, é simulador de carro elétrico.
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    Pr. Nilson Porcelli

    setembro 29, 2025 AT 12:33
    Pessoal, eu entendo o medo, mas não podemos ignorar o futuro. A eletricidade veio pra ficar, e a F1 tem que liderar, não ficar rezando pra manter o passado.
    Se o carro pesa mais, aí é problema de engenharia, não de regulamento. E se o piloto tiver que pensar na bateria? Tá na hora de ele ser um atleta completo, não só um acelerador.
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    Myriam Ribeiro

    outubro 1, 2025 AT 11:09
    eu acho que se o carro for muito complicado, as pessoas vão parar de assistir... e ai o que a gente ganha com isso?
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    Dannysofia Silva

    outubro 3, 2025 AT 03:29
    Se a FIA quer carros feios e lentos, que faça uma Fórmula 3 com bateria e ponto final. Não precisamos de um monstro que não sabe se quer ser carro ou lixeira elétrica.

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