Laver Cup 2025: João Fonseca evita varrida do Time Mundo e arranca risos com Agassi

Laver Cup 2025: João Fonseca evita varrida do Time Mundo e arranca risos com Agassi

O ponto que mudou o vestiário do Time Mundo

João Fonseca tinha 19 anos, o placar do primeiro dia pesava contra e a arena do Chase Center, em San Francisco, parecia um palco talhado para veteranos. Mesmo assim, o brasileiro, nº 42 do ranking, bateu o italiano Flavio Cobolli por 6/4 e 6/3 e impediu a varrida do Time Europa na estreia da Laver Cup 2025. Foi mais do que um triunfo: ele quebrou o recorde de jogador mais jovem a vencer na competição, superando Jakub Mensik, que havia ganhado aos 20.

A importância do resultado vai além da estatística. Na Laver Cup, as partidas de sexta valem 1 ponto, as de sábado 2 e as de domingo 3. Se o primeiro dia termina 4 a 0 para a Europa, o Time Mundo começa o sábado com a corda no pescoço. Com o 3 a 1, o cenário muda: a conta ainda é difícil, mas dá para buscar. Não por acaso, colegas como Riley Opelka destacaram nos bastidores como a vitória do brasileiro virou o humor do grupo.

Fonseca sentiu o peso do começo, admitiu o frio na barriga, mas encaixou plano e execução depois das primeiras trocas de lado. O capitão André Agassi e os companheiros foram voz ativa na estratégia: segurar a ansiedade, jogar com a primeira bola agressiva e escolher bem as subidas. A cena no banco teve um detalhe curioso: com Francisco Cerúndolo e Alex de Minaur ao lado, o papo fluiu em espanhol — um conforto extra para quem estreava sob holofotes. No meio da tensão, sobrou espaço até para brincadeira: o brasileiro levou no bom humor a presença de Agassi na cadeira e arrancou risos em mais de uma troca de ideias.

O placar reflete um jogo limpo e direto. Saque firme nos momentos de aperto, devolução profunda para travar o forehand de Cobolli e aceleração na paralela quando a bola veio curta. Tecnicamente, o que chamou atenção foi a leitura rápida de padrões do rival e a calma para repetir o que funcionou, sem querer inventar. Mentalmente, ele segurou as pequenas tempestades típicas da Laver, quando a torcida reage a cada mini-run de pontos.

Recorde, contexto e o que vem pela frente

Recorde, contexto e o que vem pela frente

A Laver Cup nasceu para ser show — quadra preta, lendas no banco, rivalidade compartilhada em três dias — e oferece algo raro no circuito: coaching aberto e trocas francas entre gente que, no ano inteiro, se encara do outro lado da rede. É o ambiente perfeito para um novato absorver. Fonseca falou em “loucura” e “espetáculo”, e não foi figura de linguagem. Ao lado de Agassi, ele bebeu da fonte: posicionamento na devolução, escolha de saque em ponto importante, gestão de energia entre games. O tipo de lição que não entra na súmula, mas fica na cabeça.

O novo recorde de precocidade pesa simbólico. Depois do título juvenil do US Open em 2023 e da aceleração no ranking, o brasileiro dá um passo num palco global que conversa com TV, marketing e pressão real. Vencer na Laver não rende pontos na ATP, mas rende algo que conta muito: casca. E esse estofo costuma aparecer quando a temporada aperta, em quadras grandes e sets que pedem sangue-frio.

Também tem Brasil nessa história. O país não costuma emplacar nomes tão jovens nesse nível, e cada vitória desse tamanho recoloca o tênis brasileiro na conversa internacional. Para quem olha desenvolvimento, vale notar alguns tijolos do jogo dele: primeiro saque que abre quadra, forehand que dita ritmo, backhand mais sólido do que em 2023 e um jogo de pernas que permite contra-ataque curto. São sinais de evolução, não fogos de artifício.

Do lado do evento, o roteiro segue claro: sábado vale dois pontos por partida, domingo vale três. O Time Mundo precisa transformar a faísca de sexta em série: ganhar cedo no segundo dia, empatar a conta e levar decisão para o domingo. Fonseca pode voltar em simples ou duplas se a estratégia pedir. Mesmo que não jogue, já deixou um recado: é confiável na pressão, escuta o banco e executa.

Três notas rápidas que ajudam a medir o impacto do dia 1:

  • Placar e contexto: 3 a 1 para a Europa, com o ponto do Brasil evitando a varrida.
  • Marca histórica: mais jovem a vencer na Laver Cup, aos 19.
  • Efeito prático: moral do vestiário do Time Mundo lá em cima, e a matemática do fim de semana ainda aberta.

Na quadra preta do Chase Center, onde cada troca parece editada para highlight, Fonseca mostrou que não foi a passeio. Ganhou, aprendeu e, no meio do barulho, achou tempo para descontrair com Agassi. Para um estreante, esse combo diz muito mais do que o placar de 6/4 e 6/3.