Trégua Israel-Hamas entra em vigor: Trump lidera plano de 42 dias

Trégua Israel-Hamas entra em vigor: Trump lidera plano de 42 dias

Quando Donald Trump, presidente dos Estados Unidos pressionou Benjamin Netanyahu em reunião privada na Casa Branca no dia 25 de setembro de 2025, poucos imaginavam que poucos dias depois o cessar‑fogo entre Israel e Hamas seria oficializado.

O acordo, assinado em 12 de outubro de 2025 no Cairo, contou com a mediação de Mohamed ElBaradei, representante do Egito, Mohammed Al‑Kuwari do Catar e Feridun Sinirlioğlu da Turquia. A cerimônia ocorreu no Palácio Al‑Ittihadiya, mas os líderes de Israel e Hamas ficaram ausentes – uma escolha que a RTP destacou no dia seguinte.

Contexto e caminho até a trégua

A guerra que começou em outubro de 2023 deixou mais de 30 mil mortos e desaparecidos, destruiu grande parte da infraestrutura de Gaza e gerou ondas de deslocamento. Em meados de setembro de 2025, a 79ª Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque serviu de palco para encontros paralelos entre Trump, o emir de Qatar Tamim bin Hamad Al Thani, Mohamed bin Zayed Al Nahyan dos Emirados Árabes Unidos e Mohammed bin Salman da Arábia Saudita. Juntos, eles esboçaram um "Plano de Paz para Gaza e Cisjordânia" de 21 pontos.

O secretário‑geral António Guterres recebeu o documento com cautela, mas reconheceu que a iniciativa americana trouxe uma "frágil esperança de calma" ao pronunciar‑se em Nova Iorque às 10:30 UTC‑4, 13 de outubro.

Detalhes do acordo de 42 dias

Formalizado como um Acordo de Cessar‑fogo Israel‑Hamas 2025Cairo, o plano está dividido em três fases de 42 dias cada, exatamente seis semanas.

  • Fase 1 (13‑10‑2025 a 23‑11‑2025): o Hamas libera 33 reféns israelenses – 12 crianças, 9 mulheres civis, 7 idosos e 5 mulheres militares – enquanto Israel devolve 990 prisioneiros palestinos, entre 450 crianças e 540 mulheres.
  • Fase 2 (24‑11‑2025 a 04‑01‑2026): liberação adicional de 120 reféns e troca por 1.200 prisioneiros palestinos.
  • Fase 3 (05‑01‑2026 a 15‑02‑2026): monitoramento da "calma sustentável" e início de negociações para um acordo permanente baseado nas fronteiras pré‑1967.

O coordenador humanitário da ONU, Jamie McGoldrick, detalhou que, nos primeiros 60 dias, a operação de ajuda pretende atender 2,1 milhões de pessoas com alimentos, 1,8 milhões com serviços médicos e 1,2 milhões com abrigos temporários. O financiamento total estimado chega a US$ 1,2 bilhão, já garantido em parte pelo Banco Mundial e pela União Europeia.

Reações dos protagonistas

Reações dos protagonistas

Trump, que chegou a Israel em 5 de outubro, discursou perante o Knesset antes de embarcar para o Egito. Em seu discurso, enfatizou que "a paz não é um sonho, é uma decisão política". Netanyahu, embora relutante, assinou a versão final do plano às 18:22 IDT de 30 de setembro, após pedir desculpas ao Catar pelos ataques de 7 de outubro de 2023.

Guterres, ao concluir seu discurso às 11:15 UTC‑4, reiterou que a solução de dois Estados ainda é a única via viável, propondo Jerusalém como capital compartilhada. Por outro lado, líderes do Hamas ainda não se manifestaram oficialmente, mas fontes próximas ao grupo confirmaram que a libertação dos reféns está sendo organizada em campos de segurança em Gaza.

Impacto humanitário imediato

Nas primeiras 48 horas após o início da trégua, a UNRWA registrou 309 842 deslocamentos do sul para o norte de Gaza e 22 971 movimentos em outras direções. As estruturas residenciais continuam em ruínas – cerca de 85 % dos edifícios centrais foram danificados.

Equipes médicas relataram que hospitais ainda enfrentam escassez de medicamentos, mas o fluxo de suprimentos está sendo acelerado graças ao corredor humanitário aberto no cruzamento de Rafah. Operadores de energia descrevem que as linhas de eletricidade começaram a ser reinstaladas em bairros como Shuja‘iyya, embora ainda cobrem apenas 30 % das residências.

Próximos passos e desafios

Próximos passos e desafios

A próxima fase de troca de reféns está prevista para o dia 13 de outubro, quando o Hamas entregará os 33 israelenses e Israel liberará os 990 palestinos. Observadores estrangeiros, incluindo a União Europeia e o Conselho de Segurança da ONU, previram missões de verificação para garantir que as contagens sejam precisas.

Entretanto, críticos apontam que o acordo não resolve questões fundamentais como o bloqueio de Gaza, a expansão de assentamentos na Cisjordânia e a questão dos refugiados palestinos. Enquanto isso, grupos radicais de ambos os lados prometeram retaliações caso a trégua seja violada, o que eleva o risco de novas escaladas.

Se tudo correr conforme o planejado, a "calma sustentável" poderia abrir espaço para negociações de longo prazo, mas a comunidade internacional ainda precisa transformar a esperança em política concreta.

Perguntas Frequentes

Como o cessar‑fogo afeta a população civil de Gaza?

Nos primeiros dias, cerca de 2,1 milhões de moradores receberam ajuda alimentar, mas ainda enfrentam falta de água potável e serviços médicos limitados. O retorno de deslocados ao norte de Gaza está sendo monitorado para evitar aglomerações.

Qual o papel dos Estados Unidos na negociação?

Donald Trump liderou as conversas secretas, pressionou Benjamin Netanyahu na Casa Branca e organizou encontros com líderes árabes. Seu "Plano de Paz" definiu as três fases de 42 dias que estruturam o acordo.

Quais são as condições para que a trégua se transforme em paz duradoura?

Além da libertação de reféns, é preciso garantir a retirada completa das forças israelenses, a reconstrução de Gaza, o fim do bloqueio e um acordo sobre fronteiras pré‑1967 com Jerusalém como capital conjunta.

Quanto financiamento internacional está sendo destinado à ajuda humanitária?

O Banco Mundial e a União Europeia alocaram US$ 1,2 bilhão para abrigo, alimentação e saúde nos primeiros dois meses, com recursos adicionais esperados conforme a evolução da trégua.

O que acontece se a trégua for violada?

Missões de verificação da ONU e da OTAN foram acordadas para investigar qualquer violação; sanções diplomáticas e possíveis retaliações militares foram mencionadas pelos Estados‑Unidos.

1 Comentários

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    elias mello

    outubro 14, 2025 AT 00:52

    É impressionante como um plano de 42 dias pode mudar a realidade de tantas vidas 😮. A ideia de trocar reféns parece um jogo de xadrez, mas a esperança está nas pequenas vitórias humanitárias. Se a ajuda chegar a 2,1 milhões de pessoas, talvez a fome diminua antes que a violência retorne. Eu fico pensando na fragilidade da paz, como um cristal que pode rachar a qualquer momento. Vamos torcer pra que os líderes cumpram o que prometeram 🙏.

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