Tarifas de Trump contra exportações brasileiras: aliados dos Bolsonaro pressionam por anistia

Tarifas de Trump contra exportações brasileiras: aliados dos Bolsonaro pressionam por anistia

Trump impõe tarifa histórica e aliados dos Bolsonaro reagem

O anúncio do presidente americano Donald Trump de uma tarifa de 50% sobre exportações do Brasil mexeu com Brasília. O motivo, segundo Trump, seria uma retaliação direta à atuação do Supremo Tribunal Federal, que ele acusa de perseguir politicamente Jair Bolsonaro após a derrota eleitoral de 2022 e a invasão do 8 de janeiro. É a mais alta taxa imposta já anunciada pelo republicano contra o Brasil, cobrindo todos os setores de exportação, e válida a partir de 1º de agosto.

Já nos EUA, Eduardo Bolsonaro – filho do ex-presidente e atualmente morando fora do Brasil – fez da crise um palanque. Junto ao influenciador Paulo Figueiredo, divulgou carta em que pressiona o Congresso brasileiro: só uma anistia ampla aos acusados do golpe e novas leis sobre liberdade na internet poderiam 'evitar o desastre iminente', diz o texto. Na prática, Eduardo tenta usar o peso econômico da tarifa para constranger autoridades e obrigá-las a aprovar pautas caras ao bolsonarismo, como blindagem para acusados do 8 de janeiro.

Governo e oposição trocam acusações sobre lobby internacional

A estratégia acabou alimentando o clima de rivalidade entre governo e oposição. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) não poupou críticas: chamou a ofensiva de 'irresponsável, conspiratória e subserviente'. Para ele, os bolsonaristas instrumentalizaram interesses estrangeiros, prejudicando produtores e a economia nacional.

Na mesma linha, Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, foi direto: ligou o lobby de Eduardo Bolsonaro à medida de Trump, sugerindo que a decisão americana veio sob pressão articulada pelos próprios aliados do ex-presidente. 'O país não vai ceder à chantagem nem ser refém de quem deseja desestabilizar a democracia com apoio externo', afirmou Wagner.

Com a aproximação da data-limite para entrar em vigor as tarifas, a tensão aumentou no agronegócio e no setor industrial brasileiro, tradicionais apoiadores das exportações. Muitas entidades empresariais têm pressionado o Planalto por uma solução diplomática urgente, já que o prejuízo pode ser bilionário.

  • O governo brasileiro avalia recorrer à OMC, mas teme crise diplomática ainda mais aguda.
  • Na Câmara e no Senado, cresce o embate sobre a responsabilização dos envolvidos pelo 8 de janeiro.
  • Entre apoiadores de Bolsonaro, a esperança é que o Congresso ceda à pressão e aprove ao menos parte das pautas defendidas pelo grupo.

Enquanto isso, lideranças políticas e especialistas em comércio exterior alertam: usar instrumentos internacionais para pressionar decisões judiciais internas cria precedente perigoso. Se prosperar, outros países podem adotar métodos parecidos para interferir na soberania do Brasil, especialmente onde existam disputas judiciais envolvendo figuras políticas relevantes.

O clima segue quente e, pelo visto, a crise está longe do fim com as novas tarifas batendo à porta e o jogo de bastidores intenso tanto em Washington quanto em Brasília.